segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A HISTÓRIA DE JESUS


Até concordo na essência com a mensagem dos evangelhos - é preciso amar para ser feliz - e se deus for “aquilo que liga coisas diferentes” então eu acredito em deus, mas isto não faz de mim um cristão e muito menos uma pessoa religiosa, até porque há uma coisa que me irrita muito na religião em geral e no cristianismo católico em particular, é que a sua prática pode criar muitos nós na cabeça das pessoas, porque faz as pessoas perderem muito tempo e energia a procurar justificações para respostas j(previamente) dadas. Assim, a questão que se põe é - como é que um tipo que se considera um ateu, como eu, é co-autor dum livro infantil de temática religiosa? A resposta é simples - a história de Jesus não me interessa pela sua validade religiosa, mas isso não significa que não a ache muito interessante.

Os argumentos que muitos usam para justificar a divindade de Jesus não são válidos para mim. O ter sido anunciado por uma estrela seguida por três reis, o ter nascido de uma virgem no dia 25 de Dezembro, o ter sido baptizado, o ter sido um prodígio aos 12, o ter feito milagres como ter andado sobre as aguas, o ter tido 12 discípulos, o ter sido chamado de Filho de Deus, Luz do Mundo, A Verdade, Filho Adorado de Deus, Bom Pastor, Cordeiro de Deus etc. e o ter sido crucificado e ressuscitado ao terceiro dia é fantástico, mas já tinha sido contado noutras histórias da época – Horus (egípcio), Mitra (persa), Attis (frigia), Krishna (hindu) ou Dionísio (grego). Claro que a personagem de Jesus não se resume apenas às etapas da sua vida, as suas ideias são muito importantes, mas mesmo essas também não são totalmente novas (ex. Buda e Confúcio…). No entanto é verdade que na historia de Jesus tudo isto é cozinhado duma forma mais sofisticada. Há vários estudos que sustentam bem esta tese, um deles é o excelente livro do consagrado historiador Henri-Irénée Marrou - “A decadência romana ou antiguidade tardia”.

A descrição da vida de Jesus nos quatro evangelhos mais divulgados, de Mateus, Marcos, Lucas e João, é sem dúvida uma herança magnífica, um reportório de sabedoria inspiradora que resulta do culminar duma serie de culturas milenares e da fusão destas numa só – Roma. Mas esta história funciona melhor se Jesus for visto como um ser humano comum. Evangelhos antigos, além dos quatro mais conhecidos e (r)escritos nos primeiros séculos, passam-nos esta ideia e actualmente os investigadores têm considerado que o islamismo se difundiu na Península Ibérica não tanto pela via da força, mas porque no século oitavo a civilização europeia do sul mediterrânico, mais “avançada” que no norte, não aceitou a imposição desta ideia barbara franco-germânica, de que deus e Jesus eram a mesma coisa.

Resumindo, a história de Jesus é uma boa história e como todas as boas histórias depende muito da forma como é contada, escrita ou desenhada. Eu tentei fazer o meu melhor, tenho a certeza que o escritor (o meu tio Artur) também. Agora está nas mãos de quem a lê, a vê ou a ouve. Divirtam-se!



























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